Católicos são mais generosos que evangélicos e mais dispostos a compartilhar sua renda
Os católicos são mais propensos que os protestantes (ou evangélicos) a apoiar uma intervenção governamental na economia. Eles também têm uma maior disposição para partilhar as riquezas, afirma um estudo divulgado pelo do Banco Central Europeu (BCE).
A pesquisa também mostra que as teorias de Max Weber sobre a ética protestante do trabalho continuam sendo válidas hoje, comprovadas pelos resultados do estudo. Elas se aplicam mais amplamente do que se pensava, inclusive influenciando na escolha das instituições políticas e nas tentativas de se explicar a desigualdade de renda.
“Encontramos cidades de maioria protestante para expor claramente uma maior desigualdade de renda”, afirmam os coordenadores da pesquisa Christoph Batzen e Frank Betz.
Eles também afirmam que: “Quando comparado ao catolicismo, os seguidores do protestantismo tem menor disposição em ver uma redistribuição de renda e uma intervenção governamental na economia”.
Além disso, a pesquisa constatou que os escritos de Weber explicam melhor o desenvolvimento econômico do que os de Karl Marx, o pai do socialismo, que via a cultura meramente refletindo a ordem econômica.
‘A religião não é apenas o ópio do povo’, como afirmava Marx, mas pode, por sua própria força, alterar significativamente as preferências das pessoas, tanto em relação a si mesmas quanto em relação à sociedade, diz o estudo do BCE.
Weber publicou em 1904 o seu famoso livro “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, onde afirmava que os protestantes são mais propensos a considerar o trabalho como caminho para a salvação e que incentivavam a acumulação de riqueza. O sociólogo atribuiu o surgimento do capitalismo aos ensinamentos do teólogo reformado João Calvino.
A pesquisa está disponível na página do BCE na internet, mas não é oficialmente endossado pelo banco. Ela vem na esteira de uma manifestação do Vaticano, que recentemente pediu reformas profundas da economia mundial e a criação de uma autoridade para regular os mercados financeiros.
No final de outubro, Pontifício Conselho para Justiça e Paz do Vaticano, presidido pelo cardeal Peter Turkson, propôs a criação de uma Autoridade Política Mundial e um Banco Central Mundial para favorecer “mercados livres e estáveis, disciplinados por um quadro jurídico adequado”.
Objetivo é fazer frente a atual crise econômica e financeira que abalou a Europa. Ele disse ainda que a crise financeira atual revelou comportamentos como “ganância, egoísmo coletivo e acumulação de bens em grande escala”, acrescentando que a economia mundial precisava de uma “ética da solidariedade” entre nações ricas e pobres.